30 de jan. de 2011

Despedida do trema

Caros leitores, recebi um texto que descreve de forma criativa (e melancólica) o que seria a despedida do trema, após sua extinção pelo acordo ortográfico. Em homenagem aos pontinhos, por muitas vezes esquecidos por nós, e agora abolidos de vez, resolvi postar a carta aqui. Leiam.
'Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos, por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto eles ficam em pé.
Até o C cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele se negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se eu deixar um topete moicano posso me passar por aspas? A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.
Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.
Adeus,

Trema.'

(Autoria atribuída a Lucas Nascimento Silva)
Abraços!

26 de jan. de 2011

Pensamento do dia

"Ainda que acorrentados pelo pescoço e destituídos de toda a liberdade, ainda é possível manter uma liberdade que ninguém pode nos tirar: a de escolher o tipo de pessoa que queremos ser."

(Ingrid Betancourt)

15 de jan. de 2011

A palavra é: AQUICULTURA

Caros leitores, parece até que houve erro de digitação no título, mas a palavra está certa. Vocês já conheciam?
'Aquicultura é sinônimo de criação de animais aquáticos, como peixes e frutos do mar. Ideli Salvatti, recém-nomeada ministra da Pesca e Aquicultura, demonstrou, em seu discurso de posse, a intenção de aumentar o consumo de pescado no Brasil. Disse ainda que o ministério pretende incluir o peixe na merenda escolar e equiparar a produção de pescado à da agricultura. Salvatti lamentou, no entanto, o fato de a verba para investir na aquicultura ainda ser pequena.

Definição do iDicionário Aulete: (a.qui.cul.tu.ra) s.f.

1. Tec. Atividade técnico-científica-econômica destinada à criação de seres vivos aquáticos (peixes, crustáceos, algas, etc.), com o objetivo de aumentar a produtividade dos ambientes em que vivem.
[F.: aqu (i)- + -cultura.]'
Fonte: www.aulete.com.br (Palavra do dia)

Até a próxima!

1 de jan. de 2011

Bem-vindo, Ano-novo!


Foto tirada de um chalé, com vista para a Serra da Canastra em Minas Gerais.
"Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."
(Cecília Meireles)
Caros leitores, desejo que em 2011 tenhamos a capacidade de nos encantar com os pequenos acontecimentos que nos cercam e, assim, sejamos também completamente felizes!

Tudo de bom!