27 de out. de 2009

De bem com a nova ortografia – acento diferencial



Prezados leitores, hoje tem mais novidade do acordo ortográfico: os acentos diferenciais desaparecem. Mas, não totalmente... Vou explicar.

Primeiro, vejam exemplos das mudanças:
  1. Pára (verbo) – Ex: Márcia, para de gritar!
  2. Pêlo (substantivo) – Ex: Não procure pelo em ovo.
  3. Pêra (substantivo) – Ex: Agora é época de peras.
  4. Pólo (substantivo) – Ex: Eles são “polos opostos”.
Porém...

Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é o passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo) na 3ª pessoa do singular. Pode é o presente do indicativo na 3ª pessoa do singular. Um bom exemplo: Ontem, ele não pôde viajar, mas hoje ele pode.

O acento também continua em pôr (verbo), diferente de por (preposição). Exemplo: Vou pôr o tempero na comida feita por mim.

Devemos, ainda, manter o acento para distinguir o singular do plural dos verbos ter e vir, além de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir, etc.). Seguem alguns exemplos:
  1. Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
  2. Ele vem de São Paulo. / Eles vêm de São Paulo.
  3. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Para finalizar, é facultativo o uso do “chapeuzinho” para diferenciar forma e fôrma. Mas, em alguns casos, ele confere mais clareza à frase. Por exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

Por enquanto, é só!

24 de out. de 2009

Frota de caças

De vez em quando, recebo sugestões de postagens para o blog. Então, aqui vai uma sobre substantivos coletivos, sugerida pelo Philipe depois de ler uma matéria publicada na FOLHA DE S. PAULO com o título:

"FAB cria frota de caças para reforçar defesa da Amazônia"

O substantivo coletivo, todos se lembram, é aquele que indica diversos elementos de uma mesma espécie. Mas, nós não aprendemos na escola que o coletivo de elefante é manada, o de alho é réstia e o de avião é esquadrilha? Que história é essa de frota?

Após uma breve pesquisa, a explicação:

Coletivo de avião = esquadrão, esquadrilha, flotilha

E o substantivo "frota" pode designar: navios, aviões ou veículos em geral (ônibus, táxis, caminhões, etc.).



É isso!

21 de out. de 2009

A palavra é: BALELA

Caríssimos, na postagem do último dia 16, consta que o professor Evanildo Bechara chamou de “balela” as críticas ao acordo ortográfico.

‘A palavra “balela” é um substantivo feminino que, possivelmente, tem sua origem na junção de “bala” com o sufixo “-ela”. O termo designa uma mentira, um boato; uma notícia, declaração ou afirmação falsa.

Definição do “iDicionário Aulete”: (ba.le.la) sf.

1. Pop. Afirmação, declaração ou notícia falsa; dito sem fundamento; BOATO; MENTIRA
[F.: Posv. de bala + -ela]’

Fonte: www.aulete.com.br (Palavra do dia)

Até a próxima!

19 de out. de 2009

"La Negra"

A postagem de hoje não é sobre a língua portuguesa. Quero homenagear aqui uma mulher extraordinária, que soube quebrar as barreiras do idioma e nos encantar com sua música e talento singulares. Essa mulher faleceu no dia 4 de outubro, aos 74 anos de idade, e se chamava Mercedes Sosa.

Mercedes nasceu no noroeste da Argentina e sempre foi uma defensora da integração dos povos da América Latina. Era ativista do “peronismo de esquerda” e acabou sendo presa durante um concerto em La Plata no ano de 1979. Banida no seu país, ela resolveu se refugiar em Paris e em Madri.

Só voltou à Argentina em 1982, pouco antes do colapso do regime ditatorial após a fracassada Guerra das Malvinas, e fez vários shows em Buenos Aires. Em seguida, gravou duetos e fez turnês pela Argentina e no exterior.

Apelidada de “La Negra” por causa da ascendência ameríndia, ficou conhecida como a voz dos "sem voz".

Aumentem o som, caros leitores, e assistam ao vídeo a seguir. Será difícil não se emocionarem com a beleza das vozes de Mercedes Sosa e Milton Nascimento, cantando juntos... Preciso dizer mais?



Abraços!

16 de out. de 2009

Bechara defende o Vocabulário Ortográfico

Caros leitores, parece que as pessoas não estão muito receptivas à nova ortografia, o que é bastante compreensível... Afinal, vamos ter que reaprender a escrever muita coisa. “Reaprender”, no entanto, é uma palavra que continuará a ser escrita assim mesmo, tudo junto (conferi no VOLP).

Leiam, agora, uma matéria publicada na Folha de S. Paulo, com a opinião do único representante da Academia Brasileira de Letras no recente Acordo Ortográfico.
'O linguista e acadêmico brasileiro Evanildo Bechara, responsável na Academia Brasileira de Letras pelas novas regras, qualificou as críticas de "balela" e disse que hoje "é moda falar mal do acordo". Afirmou à Folha que as manifestações são "coisa de quem quer ter os seus cinco minutos de fama" e que "está convicto do sucesso da reforma".

Bechara não aceita as críticas contra a edição de um Vocabulário Ortográfico pela ABL, sem a participação dos outros países lusófonos. "Quem diz isso não leu o artigo 2º [do acordo de 1990]. O que se fala sobre isso é uma mentira, as pessoas usam esse artifício para fazer críticas ao acordo. A decisão da ABL de publicar o "Volp" está de acordo com a reforma, isso é um jogo baixo."

O artigo diz que "os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração (...) de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas".

Segundo Bechara, a edição brasileira não "atropela" a publicação comum e faz somente a normatização de "terminologias científicas e técnicas, como a geográfica", sem interferir nas normas do acordo. "Isso [o movimento contrário em Portugal] não vai dar em nada. Esse acordo é entre governos, nasceu das academias."

Para Bechara, "essa mania portuguesa de subscrever documento e memorial sobre ato do governo a respeito da ortografia é coisa antiga". Ele cita polêmicas que aconteceram desde a reforma de 1911, "um testemunho centenário".

O linguista português António Feliciano critica a supressão das chamadas consoantes mudas ("c" e "p" em posição final de sílaba gráfica). Para o português, "esta injustificada supressão tem consequências desastrosas para a norma europeia. Destrói dígrafos (grafias compostas por duas letras) como "ac" ou "ec" em centenas de palavras e aumenta exponencialmente o número de palavras graficamente irregulares".

Bechara rebate a crítica. "Em todas as reformas há os que concordam, os indiferentes e os inimigos. Eu prefiro a audácia dos portugueses do século 16 aos de hoje que estão atrás de uma consoante que não se pronuncia e não tem valor linguístico.'
Fonte: jornal Folha de S. Paulo - 6/8/2009

Abraços!

12 de out. de 2009

Errando e aprendendo...

Recentemente, aconteceu um episódio envolvendo a Sasha, filha da Xuxa, que acabou gerando muitos comentários no twitter. Ao falar sobre um filme que estão gravando, a garota disse que teria de fazer uma “sena com a cobra” e errou ao escrever a palavra com “s”. É claro que houve muitas críticas ao fato. Xuxa se irritou com os comentários e não quis deixar barato: explicou que Sasha havia sido alfabetizada em inglês e, por isso, se confundiu. E não parou por aí... Disse que eles (os leitores) não mereciam falar com ela e nem com a filha, dando a entender que sairia do twitter. Apelou mesmo! Um fã soube do ocorrido e resolveu gravar o vídeo "Mexeu com a Xuxa, mexeu comigo!" em defesa da "rainha dos baixinhos"... Depois disso, outros vídeos pipocaram na internet, mas, dessa vez, não tinham a intenção de defender a apresentadora, mas de zombar da atitude apaixonada do rapaz. E pensar que tudo isso começou por causa de um pequeno erro ortográfico...

Na semana passada, também no twitter, a ex-BBB Milena Fagundes corrigiu William Bonner, editor-chefe e apresentador do "Jornal Nacional”, que escreveu a palavra ia com acento agudo na letra “i”. Bonner, bem-humorado, admitiu o erro e disse que era "velho e analfa". E para encerrar o episódio de forma criativa e inteligente, fez uma piada imitando “Seu Creysson”, personagem do "Casseta e Planeta": "Seu dotô, num cei ukideu nimim. Iscrivinhei ia com assentchu. É gráviu?"

Caros leitores, viram como duas histórias semelhantes podem ter desfechos diferentes? É claro que devemos ter cuidado na hora de escrever. E não esquecer de fazer a revisão do texto. Já disse aqui e repito: isso é controle de qualidade.

Mas não vamos deixar que o medo de errar nos tire o prazer de escrever. Afinal, a imperfeição faz parte da natureza humana. Quem é que nunca errou? Nessas horas, ter jogo de cintura e uma boa dose de humor ajuda e muito. Pode até evitar que uma falha boba e irrelevante tenha uma dimensão desnecessária, como no caso da filha da Xuxa.

Parabéns ao William Bonner que soube sair muito bem de uma “saia justa” sem perder a classe...

Abraços!

10 de out. de 2009

A palavra é: VAZAR

'Na última semana, o Ministério da Educação decidiu suspender o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, depois que parte do conteúdo das provas vazou para o jornal “O Estado de São Paulo”, que logo notificou o Ministério do ocorrido.

A palavra “vazar” é um verbo que se originou da alteração da palavra “vaziar”. No texto acima, o verbete designa a ação de deixar ao conhecimento de outrem, ou da imprensa, algum segredo ou informação sigilosa.

Definição do “iDicionário Aulete”: (va.zar) v

1. Deixar sair aos poucos (esp. líquido) [ td. : A caixa estava vazando água ] [ int. : A caixa d'água começou a vazar. ]
2. Fig. Deixar passar um sentimento, uma mágoa, etc. [ int. : Deixou vazar seus sentimentos mais íntimos ] [ td. : Vazava seus sentimentos em linguagem objetiva ]
3. Baixar a carga [ int. : O navio começou a vazar cedo ]
4. Diminuir a quantidade de (líquido); refluir [ int. : A maré começava a vazar. ]
5. Desaguar [ tda. : O rio vaza suas águas no Atlântico ]
6. Deixar escapar (líquido) aos poucos até esvaziar (-se) [td.: O carro vazou todo o óleo.] [ int. : O tanque de gasolina vazou. ]
7. Movimentar (-se) para o lado de fora; sair [ int. : O público vazava pela saída de emergência: O gás vazou (-se) todo pelo orifício ]
8. Bras. Pop. Ir (-se) embora [ int. : Vou vazar. ]
9. Abrir cavidade, buraco, furo em [ td. : vazar um muro ] [ tda. : Vazou uma passagem na muralha ]
10. Enfiar, enterrar [ tda. : Vazou a faca na carne assada ]
11. Arrebentar, danificar (um olho) [ td. : Na capotagem do carro, vazou o olho direito ]
12. Transpor, superar [ td. : Vazou os dez quilômetros com facilidade ]
13. Deixar chegar (segredo, informação sigilosa) ao conhecimento de outrem ou do público [ tr. + para : O segredo vazou para a imprensa ] [ int. : Essa informação já vazou. ] [ td. : O serviço secreto acabou vazando informações importantes ]
14. Art.gr. Em diagramação, sobrepor elemento gráfico em área impressa maior [ tdr. + em : Vazou a ilustração em fundo vermelho ]
15. Fut. Fazer gol em [ td. : Vazou duas vezes o gol do Palmeiras ]
16. Verter (metal fundido em molde) [ td. ]
[F.: Alter. de vaziar. Hom./Par.: vaza(s) (fl.), vaza(s) (sf.[pl.]), vasa(s) (sf.[pl.]); vazo (fl.), vaso (sm.)]'

Fonte: www.aulete.com.br (Palavra do dia)


Até a próxima!

4 de out. de 2009

Germes verbais

É hora de desinfetar o mundo corporativo dos germes verbais

'A higiene no trabalho está na moda. Nos banheiros dos escritórios, marmanjos estão sendo ensinados a lavar as mãos na esperança de impedir a proliferação da gripe suína. Primeiro, você molha suas mãos, diz o aviso. Depois, aplica o sabonete e as esfrega por 15 a 40 segundos (diversas empresas estão exigindo que os funcionários façam isso por períodos de tempo diferentes) e, finalmente, você as enxuga com uma toalha de papel.

Mas, agora, as empresas estão sendo também conclamadas a se manterem metaforicamente limpas. A consultoria Arthur D. Little passa grande parte da edição mais recente de seu jornal convocando as empresas a serem "higiênicas" e mais meticulosas em relação aos níveis de seu capital de giro e métodos de compras. A boa higiene, diz a publicação, é o que separa os vencedores dos perdedores a esta altura do ciclo.

Não estou entusiasmada com essa nova metáfora, em parte porque sou uma britânica negligente. No meu livro, a limpeza não se aproxima de algo celeste. Ela está mais perto da monotonia. Até certo ponto, é necessária, mas é uma coisa bem maçante, não sendo nada que mereça um lugar na literatura administrativa.

Entretanto, ao retornar ao trabalho depois de uma longa pausa de verão, constato que higiene é justamente o que precisamos. Com as mãos ainda com vestígios do solo da Cornualha, peguei uma prova de "Top Talent", o novo livro sobre negócios de Sylvia Ann Hewlett. Ela ficou famosa há sete anos com um livro que dizia que a vida no trabalho é um pesadelo completo para as mulheres bem sucedidas. Agora, ela está dizendo que em uma recessão a coisa é ainda pior: as pessoas bem sucedidas de ambos os sexos estão ficando totalmente exasperadas.

Não foi lá muito animador ler isso depois de umas férias. Nem interessante. A própria frase "top talent" deve ser vista como um sinal de alerta de que o que vem pela frente não é algo muito bom. Top talent é o oposto do quê? Bottom talent?

Além de chamar bons empregados de "top talent", Silvya Ann Hewlett usa um número impressionante de outros sinônimos. "Funcionários do alto escalão", "talento de grande potencial", "capacidade intelectual de alta octanagem" e até mesmo "a força delta do local de trabalho."

Enquanto analisava esses termos, tive uma epifania. O que se exige é uma grande limpeza, mas o que é preciso ser lavado de nossas mãos não é o vírus H1N1, ou o excesso de capital de giro dos nossos balanços. São esses germes verbais que precisam descer pelo ralo da pia, com muita água sanitária sendo despejada em seguida para evitar uma nova infecção. Eu tinha esperanças de que a recessão iria acabar com a epidemia mundial de "gripe da besteira". Em vez disso, ela continua infectando um número crescente da população empresarial, interferindo no funcionamento do cérebro e às vezes deixando o paciente incapaz de se comunicar.

O livro de Hewlett está cheio de sinais de infecção. Ela fala em "maximizar os pontos de toque". Com isso, ela quer dizer "falar mais uns com os outros". De uma maneira ainda mais preocupante ela escreve: "Talento é um dom que continua sendo uma dádiva", o que não significa nada.

Todo mundo que trabalha em uma empresa ainda corre um risco grande de ser infectado pela "gripe da besteira" e, tragicamente, uma vez que o indivíduo é contaminado, não consegue mais reconhecer a doença nos outros...'

Fonte: Valor Econômico

Aposto que vocês, caros leitores, já se depararam com muitos "germes verbais" por aí. Posso citar alguns: a nível de, quebrar paradigmas, no sentido de, stand-by, brainstorm, upgrade, marketshare, entre outros. E o gerundismo, quem aguenta? Isso tudo sem falar que despesa agora é "investimento" e empregado virou "colaborador"...

Abraços!

3 de out. de 2009

A palavra é: BULLYING

'Recentemente, no interior de São Paulo, um garoto gago de 9 anos foi alvo, na saída da escola, de socos e pontapés na cabeça e nas costas, desferidos por pelo menos cinco meninos, todos com menos de 12 anos. Segundo a delegada responsável pela apuração dos fatos, o menor vinha constantemente sendo vítima de bullying pelos colegas de escola, por conta de seu problema de fala.

A palavra “bullying” é um termo emprestado da língua inglesa e designa a agressão intencional e repetida que se pratica sem motivo aparente, com o uso de força ou de poder, para intimidar alguém. É uma prática comum em ambiente escolar e se caracteriza por ações discriminatórias.

Definição do “iDicionário Aulete”: (ing. /búlin/) sm

1. Pedag. Psi. Termo que compreende toda forma de agressão, intencional e repetida, sem motivo aparente, em que se faz uso do poder ou força para intimidar ou perseguir alguém, que pode ficar traumatizado, com baixa autoestima ou problemas de relacionamento. [ A prática de bullying é comum em ambiente escolar, entre alunos, e caracteriza-se por atitudes discriminatórias, uso de apelidos pejorativos, agressões físicas, etc. ]'

Fonte: www.aulete.com.br (Palavra do dia)

Caros leitores, sinceramente, fico chocada em saber que absurdos assim acontecem...

Até a próxima!