16 de out. de 2009

Bechara defende o Vocabulário Ortográfico

Caros leitores, parece que as pessoas não estão muito receptivas à nova ortografia, o que é bastante compreensível... Afinal, vamos ter que reaprender a escrever muita coisa. “Reaprender”, no entanto, é uma palavra que continuará a ser escrita assim mesmo, tudo junto (conferi no VOLP).

Leiam, agora, uma matéria publicada na Folha de S. Paulo, com a opinião do único representante da Academia Brasileira de Letras no recente Acordo Ortográfico.
'O linguista e acadêmico brasileiro Evanildo Bechara, responsável na Academia Brasileira de Letras pelas novas regras, qualificou as críticas de "balela" e disse que hoje "é moda falar mal do acordo". Afirmou à Folha que as manifestações são "coisa de quem quer ter os seus cinco minutos de fama" e que "está convicto do sucesso da reforma".

Bechara não aceita as críticas contra a edição de um Vocabulário Ortográfico pela ABL, sem a participação dos outros países lusófonos. "Quem diz isso não leu o artigo 2º [do acordo de 1990]. O que se fala sobre isso é uma mentira, as pessoas usam esse artifício para fazer críticas ao acordo. A decisão da ABL de publicar o "Volp" está de acordo com a reforma, isso é um jogo baixo."

O artigo diz que "os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração (...) de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas".

Segundo Bechara, a edição brasileira não "atropela" a publicação comum e faz somente a normatização de "terminologias científicas e técnicas, como a geográfica", sem interferir nas normas do acordo. "Isso [o movimento contrário em Portugal] não vai dar em nada. Esse acordo é entre governos, nasceu das academias."

Para Bechara, "essa mania portuguesa de subscrever documento e memorial sobre ato do governo a respeito da ortografia é coisa antiga". Ele cita polêmicas que aconteceram desde a reforma de 1911, "um testemunho centenário".

O linguista português António Feliciano critica a supressão das chamadas consoantes mudas ("c" e "p" em posição final de sílaba gráfica). Para o português, "esta injustificada supressão tem consequências desastrosas para a norma europeia. Destrói dígrafos (grafias compostas por duas letras) como "ac" ou "ec" em centenas de palavras e aumenta exponencialmente o número de palavras graficamente irregulares".

Bechara rebate a crítica. "Em todas as reformas há os que concordam, os indiferentes e os inimigos. Eu prefiro a audácia dos portugueses do século 16 aos de hoje que estão atrás de uma consoante que não se pronuncia e não tem valor linguístico.'
Fonte: jornal Folha de S. Paulo - 6/8/2009

Abraços!

3 comentários:

  1. Lili,para béns por sua iniciativa em contribuir para nós leitores aprender cada vez mais um pouquinho desta reforma ortográfica.

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  2. Olá,

    Eu tenho essa gramática da foto em casa, acho que estou indo pelo "caminho certo", ou pelo menos, por um bom caminho. Queria deixar aqui a dica do livro "Preconceito Linguístico" de Marcos Bagno. Ele discute o que é entendido como "língua certa" e como nossa língua também pode ser utilizada como forma de preconceito e de exclusão. Copie e cole o link abaixo na barra de endereços que dá pra acessar o livro on-line:

    http://www.scribd.com/doc/6313101/PRECONCEITO-LINGuISTICO-Marcos-Bagno

    Um grande abraço, espero ter contribuido,

    Gleisson de Campos

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  3. Obrigada pela dica do livro, Gleisson. Vou ler sim. O tema é muito interessante. Um abraço e volte sempre!

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